07 fevereiro, 2013

Os filhos seguem nosso exemplo

Seguidamente recebo mães que estão desesperadas e precisam ajudar seus filhos. Normalmente as queixas são a distração na escola, a desorganização em casa e com as tarefas diárias, excesso de televisão e computador, desinteresse por tudo e irritação ao extremo. Na escola tudo isso normalmente é diagnosticado (mesmo sem avaliação de um profissional) como hiperatividade.

Em primeira instância, quando uma mãe me procura, agendamos a consulta para o filho. Mas depois, indico o atendimento para a mãe e depois, se possível o pai. Porque quase cem por cento das vezes, os seus filhos estão seguindo um exemplo que vêem em casa.

Sei que isso pode ser chocante, porém é a realidade de quase todos os casos. Exceções são pouquíssimas.

Um exemplo que tive foi de uma mãe que buscava ajuda para entender porque o menino era tão desleixado, desorganizado e não queria saber de estudar. Sobre sua vida, ela explanou que era separada, morava com os pais e um irmão que era usuário de drogas; a mãe não trabalhava e ficava com o neto; o pai era aposentado e o irmão aprontava todas. Disse que saia às 09h da manhã e voltava umas 20h mais ou menos. Ou seja, ficava o dia todo fora e só tinha o domingo de folga. Por isso, reconhecia que tinha pouco tempo para o filho, porém precisava do emprego. Dizia também que sua vida amorosa não dava certo; sua vida financeira era bagunçada, tinha muitas dívidas. O fato de morar com os pais a incomodava, só que não podia pagar aluguel... Enfim, a vida ou a maneira como ela via sua própria vida denotava o quanto ela estava bagunçada internamente, algo que consequentemente estava transmitindo para o filho.

Às vezes, os pais se esquecem que são exemplo para os filhos. Aquele ditado que dizem: "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço", é uma grande mentira. É claro que as crianças vão se espelhar e realizar aquilo que fazemos. Conselhos não adiantam e nem resolvem. A resolução está naquilo que nós demonstramos ser o melhor a fazer. Aos poucos, nós começamos organizando as suas coisas em casa e o seu interior. Ela precisava mudar o pensamento acerca de si. Principalmente com relação às suas capacidades. Depois tentamos ajustar sua vida financeira, fazendo uma planilha com o valor que recebia e com as despesas, para poder se organizar e sair da casa dos pais...Enfim, fizemos muitas mudanças que resultaram num avanço incrível para mãe e filho.

Outro caso foi de uma mãe com o filho que era usuário de drogas. Conversando sobre sua vida, a mãe já tinha tido dois relacionamentos que eram uma "droga". Ela era submissa, vivia a vida em função do marido, fazendo tudo que ele queria e não tinha liberdade para nada. Era infeliz com isso, mas não tinha coragem para se separar. Perguntei a ela: "se você se droga no relacionamento, porque seu filho precisa parar com a maconha?" Teoricamente, você não está dando o exemplo que ele precisa para "se separar das drogas". Claro que era preciso resgatar várias questões, mas essa era a principal. Percebemos nitidamente que a influência da mãe era muito grande para ele, ainda mais por terem uma ligação muito forte.

No entanto, as exceções que encontramos são aqueles casos que os pais são o exemplo positivo e o filho é totalmente diferente. Só que precisamos ter o cuidado de não nos iludirmos, achando que não fizemos algo que o prejudique. Isso porque, na maioria das vezes, nós não somos o exemplo daquilo que queremos que os nossos filhos sejam. Tendo uma visão reencarnacionista, podemos até pensar que existe personalidade congênita e que ela pode ser diferente da dos pais (tendências e memórias trazidas de outras vidas), mas então por que esta alma encarnou ali? Porque é ali que irá identificar suas deficiências.

Outra coisa que precisamos considerar e que é uma das coisas mais difíceis para os pais, embora isso tenha que ser feito de uma forma ou outra, é deixar para trás o papel de pai ou mãe. Isso não significa que todas as expressões e instintos paternais ou maternais devem cessar. Significa simplesmente que chega um tempo em que os pais precisam reconhecer que o filho é um adulto e conceber a ele o respeito e a liberdade que todo adulto merece. Em poucas palavras, chega uma hora que não é mais apropriado desempenhar o papel de pai ou de mãe, o tempo todo.

É necessário saber também que a tendência de querer superproteger os filhos, às vezes não se torna prejudicial para ambas as partes. Enquanto você faz o máximo para ser o melhor pai ou mãe possível, deveríamos lembrar que esses a quem chamamos de filhos, são na verdade, filhos de Deus. São almas encarnadas que precisam crescer como filhos de Deus. Sendo assim, os filhos que se sentem mais livres poderão seguir o chamado da própria alma e testar suas próprias asas. Todavia, nós temos sim o compromisso de encaminhá-los, dar o exemplo e também deixá-los livres para escolher o que é melhor para si.


Por Cátia Bazzan - Autora do livro "Ame Quem Você é - Saiba que a melhor escolha é a sua!"

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