30 abril, 2012

Mediunidade & Espiritualidade

Por Maísa Intelisano - maisa@maisaintelisano.com.br

"O melhor médium é o médium espiritualizado!"

Houve um tempo em que o refrão "o melhor médium é o médium evangelizado", criado pelos espíritas, chegou a ser tomado como lei.

Acontece que, como a mediunidade só era sistematicamente estudada e treinada dentro das casas espíritas, era natural que, para eles, o melhor médium fosse o mais evangelizado, uma vez que o Espiritismo é uma doutrina baseada no Cristianismo, nos ensinamentos deixados por Jesus Cristo nos Evangelhos.

O desvio começou quando esse parâmetro tornou-se popularmente difundido, como se o médium que professasse qualquer outra religião ou doutrina, ou que não professasse nenhuma religião ou doutrina, não pudesse ser um bom médium, um médium responsável, um médium voltado para o crescimento espiritual de si próprio e das pessoas com quem convive.

No entanto, mais importante que a crença professada pelo médium, é a forma como entende, exerce e usa sua mediunidade. E nesse aspecto, pouco importa se segue os ensinamentos de Jesus, Buda ou Krishna, pois todos eles, em essência, dizem as mesmas coisas, ensinando que somos todos espíritos, imperfeitos ainda, encarnando e desencarnando sucessivamente, e todos iguais perante o Criador.

Nesse aspecto, importa mais saber como o médium vê o próximo e o que deseja para ele; se usa sua mediunidade, ainda que inconscientemente, para levar o bem a todos, indistintamente; se usa a mediunidade para aprender e crescer; se, mais do que médium, ele entende que é um espírito e, como tal, deve levar sua vida aqui na Terra.

A condição temporária de médium é apenas mais uma tarefa, mais um trabalho a ser cumprido, que não o exonera de todas as outras tarefas comuns a todos os outros seres humanos. Ao contrário, como médium, ou seja, como intermediário entre os homens encarnados e os homens desencarnados, ele deve conhecer bem a natureza humana e, para isso, deve viver bem NO mundo, sem viver PARA o mundo.

"Melhor ser espiritualizado que ser médium!"

A mediunidade é condição que nos coloca em contato direto com o mundo espiritual, o mundo de onde viemos e para onde voltaremos quando esta vida terminar, mas, sendo neutra em si mesma, da mesma forma que nos dá a possibilidade do contato com seres elevados, também pode nos colocar em contato com seres desequilibrados e perturbados. O que determina a qualidade dos contatos a serem feitos por seu intermédio é a intenção do contato e, principalmente, o nível espiritual de quem a possui e exerce.

Quanto mais espiritualizado for o médium, no sentido de ter consciência de sua condição de espírito em experiência na carne, aprendendo e corrigindo-se para crescer, mais elevados serão seus contatos e mais positivos os frutos desses contatos, mesmo quando manifestando entidades desequilibradas, deorientadas e perturbadas, pois estarão sempre voltados para a espiritualização da humanidade como um todo.

De nada adianta ser médium sem essa consciência, pois não estamos aqui para sermos apenas bons médiuns, mas para sermos espíritos melhores, mais éticos e amorosos, e a mediunidade é apenas mais um recurso que Deus nos proporciona para termos sucesso nessa empreitada.

O médium que não procura crescer como espírito, que não busca o aperfeiçoamento de si mesmo em bondade, discernimento, amor, fé, serenidade e equilíbrio, que não procura levar às outras pessoas a idéia de que não somos este corpo físico, de que a nossa essência é muito mais sutil, mais nobre e muito mais importante que ele, é mero alto-falante, que apenas repete o que lhe dizem os espíritos, sem se importar com o nível desses espíritos, sem se preocupar se o que dizem é bom ou ruim, sem se importar com o efeito do que é dito nas outras pessoas e no mundo à sua volta.

É o que diz Ramatis, no livro Mediunismo, quando afirma que "não basta ver, ouvir e sentir espíritos em seu plano invisível, pois o médium, em qualquer hipótese, deve ser o homem que, além de contribuir para a divulgação da imortalidade do espírito na Terra, é cidadão comprometido com os deveres comuns junto à coletividade encarnada, onde só a bondade, o amor, o afeto, a renúncia e o perdão incessante podem livrá-lo das algemas do astral inferior".

Por isso destacamos a frase acima, pois é melhor ser espiritualizado, sem ser médium, do que ser médium, sem ser espiritualizado, já que é muito mais importante para nós evoluirmos como espíritos, independentemente de sermos médiuns ou não.

De nada adianta sermos ótimos médiuns, vendo espíritos, conversando com eles, escrevendo e falando o que eles pensam, se não formos capazes de aprender com isso, se não formos capazes de buscar e levar luz neste contato, se não formos capazes de tornar o mundo à nossa volta melhor com esse intercâmbio.

O contato com o mundo dos espíritos, por si só, não atribui a nenhum médium qualidades morais que ele não tenha em si, que ele mesmo não tenha conquistado como consciência, que ele mesmo não possua, como herança de seus próprios esforços ao longo de sua vida espiritual.

Ninguém se torna digno de confiança e respeito apenas por ser médium. E o médium só será considerado digno de confiança e respeito quando já o for como indivíduo.
 

29 abril, 2012

O Bom Médium...

Estudar a mediunidade, estudar incansavelmente sobre espiritualidade, desenvolver técnicas de meditação para auto-conhecimento, faz parte do caminho de cada um para obter mais conhecimento, mais experiência, viver melhor e com mais abrangência, e sobretudo ser útil, ativo em sua plenitude de ser humano.
A mediunidade é dom inato, e entendemos que ela se manifesta em qualquer classe social, e não tem limites quanto à escala moral que a pessoa se encontre. Se os bons espíritos fossem esperar para dar seus recados através das pessoas próximas da perfeição, levariam séculos de mensagem para mensagem. São muito verdadeiras as palavras de Jesus, segundo o evangelho de Mateus no Novo Testamento: "Não são os que gozam saúde que precisam de médico".
Porém, ao estudar estas palavras sob o pensamento de Allan Kardec, no capítulo XXIV do seu livro "O Evangelho segundo o Espiritismo", percebemos uma certa contradição, cujas palavras precisam ser analisadas e que nos levaram a proveitosas reflexões.
Vamos tentar compreender suas palavras:
"Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é  conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir. Não são estes últimos os doentes que necessitam de médico? Por que Deus, que não quer a morte do pecador, o privaria do socorro que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de modo mais vivo, do que se os recebesse indiretamente. Deus, em sua bondade, para lhe poupar o trabalho de ir buscá-la longe, nas mãos lhe coloca a luz".
Verificamos no nosso dia a dia dentro da casa espírita, e dentro do terreiro de Umbanda, que a grande maioria chega pela Dor, através de manifestações desequilibradas da mediunidade, sob a forma de obssessões mais ou menos graves, as quais prejudicam a vida do consulente, a ponto de lhe roubar a saúde, as condições de trabalho e convívio social e com sua própria família. Muitos médiuns começaram desta forma, despertando das faculdades através daqueles entes desencarnados que o assediavam, implacavelmente, a partir de vinganças de vidas passadas, ou através das vibrações que nesta vida a pessoa estivesse atraindo para si. Uma vez esclarecida e chamada à disciplina do trabalho mediúnico, tornaram-se novas pessoas, administrando sua vida e seus passos, e em contrapartida tomando-se assíduos participantes das reuniões mediúnicas, sempre prontos a trabalhar. A partir destas primeiras experiências sofridas, aprenderam a identificar as armadilhas do animismo e dos falsos depoimentos e conselhos de espíritos perturbadores, o que os tornam mais aptos e mais fortes de ultrapassar os transtornos. Realmente cumpre-se a sabedoria de Jesus, não são os que gozam de Saúde espiritual que precisam da providência abençoada dos espíritos guias e orientadores.
"A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores. E apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos, em geral. O bom médium, pois, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. Unicamente neste sentido é que a excelência das qualidades morais se torna onipotente sobre a mediunidade".
Nesta passagem de Allan Kardec, tive o cuidado de ir até a edição em francês, e com ajuda dos dicionários da rede verifiquei que a tradução está perfeita. Porém, algo destoa da afirmação de Kardec: O bom médium, pois, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência.

Para nós, médiuns de Umbanda, é necessário sim, estreita correlação com o guia, uma comunicação fácil, fluente e profunda, pois o guia utiliza de nosso instrumento físico. Diferente do médium espírita, onde a comunicação se dá quase apenas mentalmente. Para nós é uma verdadeira armadilha achar que somente Espíritos bons e evoluídos estarão se comunicando, mesmo com todas nossas boas intenções e disciplina. Aí que eu acho a contradição: Porque não são os sãos que precisam de médico. Nas páginas do "O Livro dos Médiuns" e na "Revista Espírita" estão recheados de relatos de espíritos sofredores e são estes quem aparecem no nosso dia a dia, quer pedindo ajuda, quer querendo nos atrapalhar, quer atrapalhando com um objetivo, quer porque já estão subjulgados sob a ação de aparelhos obsediantes colocados pelos espíritos realmente trevosos. Acreditamos sim, que na nossa intenção sincera, teremos auxílio dos nossos guias, dos espíritos amigos e familiares, de muitos e muitos espíritos que irão simpatizando com nossa conduta e na tentativa de corrigirmos nossas falhas, e que estarão ao lado nos intuindo e ajudando. Serão espíritos em evolução que já distinguem o Bem do Mal, já compreendem a Lei de Ação e Reação, mas espírito BOM, não significa espírito de LUZ, no sentido de PERFEIÇÃO. Talvez, o grande Mestre de Lion também tivesse esta aguda percepção, e tenha utilizado com maestria o termo "Bons espíritos", pois ele mesmo afirma que a mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os espíritos superiores.

É necessário então ler com cuidado, e compreender cada termo, cada palavra, para não colocar entendimentos errados na escrita de Allan Kardec. De acordo com o "O Livro dos Espíritos", temos os espíritos bons, ou de 2a. classe: Suas qualidades e poderes para fazer o bem dependem de seu grau de adiantamento:

- Uns são avançados em ciência, outros em sabedoria e bondade;
- Os mais adiantados aliam o saber às qualidades morais;
- Compreendem Deus e o infinito e já gozam de felicidade dos bons;
- São felizes pelo bem que fizerem e pelo mal que impedem;
- Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.

São Espíritos Bons ou de 2a. ordem:

Espíritos benévolos; Espíritos de ciência; Espíritos de sabedoria; Espíritos superiores.

Creio que esta divisão por ordens tem criado barreiras de preconceitos dentro de Casa Espírita, pois muitos temem e não permitem em hipótese alguma que espíritos da 3a. ordem ou inferiores se manifestem. O problema é que em muitas obssessões, o espírito obssessor força uma acalmia, e uma grande ilusão que é um espírito superior, quando o que faz é criar uma situação séria e perigosa de dependência e subjulgação.

Além disso, levam para o mundo espiritual as convenções sociais do dia a dia, não admitindo uma vestimenta fluídica de indígena, preto velho, um Zé Pilintra, considerando-os pouco evoluídos porque escolheram se manifestar assim.

Uma coisa é certa, estamos num mar de energias, e nossa ambiência não é das melhores, mesmo após milênios de reencarnações. Somos confortados o tempo todo com espíritos conflitantes e mesmo maus. Principalmente se lutamos nas fileiras do Bem, seremos mais assaltados do que nunca pelos que ainda se equivocam com a ilusão criada pelo inimigos da Luz. Devemos estar atentos, mantendo a busca do conhecimento interno, não desenvolvendo problemas de consciência, apegos ao nosso passado de erros, aceitando como dádiva a benção de poder trabalhar no auxílio, e não mais como pedintes. Devemos cultivar a oração diária, a meditação, os bons pensamentos e a compreensão de si, antes de compreender os outros, ou julgá-los desnecessariamente.

Ser Bom Médium, é um bom mediador das coisas da terra, e das coisas do outro lado, mantendo-se sereno, firme, fervoroso, inabalável, mesmo consciente de suas falhas e tropeços. Não é aquele que procura ser excessivamente puro, casto e além de sua condição humana, mas o que tem a consciência de sua imperfeição, e prossegue, buscando a Paz e a Harmonia para si e para todos ao redor.

Texto de Alex de Oxóssi (Rio Bonito/RJ)

09 abril, 2012

A Alma também...

Casas de saúde espalham-se em todas as direções com o objetivo de sanar as moléstias do corpo e não faltam enfermos que lhes ocupem as dependências.

Entretanto, as doenças da alma, não menos complexas, escapam aos exames habituais de laboratório e, por isso, ficam em nós, requisitando a medicação, aplicável apenas por nós mesmos.

Estimamos a imunização na patologia do corpo.

Será ela menos importante nos achaques do espírito?

Surpreendemos determinada verruga e recorremos, de imediato, à cirurgia plástica, frustrando calamidades orgânicas de extensão imprevisível.

Reconhecendo uma tendência menos feliz em nós próprios é preciso ponderar igualmente que o capricho de hoje não extirpado será hábito vicioso amanhã e talvez criminalidade em futuro breve.

Esmeramo-nos por livrar-nos da neurastenia capaz de esgotar-nos as forças.

Tratemos também de nossa afeição temperamental para que a impulsividade não nos induza à ira fulminatória.

Tonificamos o coração, corrigindo a pressão arterial ou ampliando os recursos das coronárias a fim de melhorar o padrão de longevidade.

Apuremos, de igual modo, o sentimento para que emoções desregradas não nos precipitem nos desvãos passionais em que se aniquilam tantas vidas preciosas.

Requintamo-nos, como é justo, em assistência dentária na proteção indispensável.

Empenhamo-nos de semelhante maneira, na triagem do verbo para que nossa palavra não se faça azorrague de sombra.

Defendemos o aparelho ocular contra a catarata e o glaucoma. Purifiquemos igualmente o modo de ver. Preservamos o engenho auditivo contra a surdez.

No mesmo passo, eduquemos o ouvido para que aprendamos a escutar ajudando.

A Doutrina Espírita é instituto de redenção do ser para a vida triunfante. A morte não existe.

Somos criaturas eternas. Se o corpo, em verdade, não prescinde de remédio, a alma também.


Texte de André Luiz.
 

05 abril, 2012

Expressando o Amor...

As pessoas bloqueiam a expressão de amor que portam, divinamente, dentro do coração. Elas permitem que esses bloqueios impeçam a troca maravilhosa, que todos têm a capacidade de fazer e, assim, empobrecem essa grande riqueza que carregam dentro de si mesmas, dificultando a criação de elos que possam unir todos os seres.

São tantos os questionamentos, tantas são as reclamações, as tristezas plantadas no solo sagrado do coração e, com isso, coisas estranhas se instalam em suas vidas. Isso deve, sem dúvida, ser evitado.

Por isso, busque acender a luz da estrela divina que você, eu e todos nós somos.

O Amor Cósmico deve prevalecer. O despertar de nossas consciências deve acontecer já! Busque o discernimento e traga, com ele, todo amor que você puder, para unir ao seu amor interior, gerando assim, um estado de consciência permeado por um Amor Maior e fazendo de você um ser cheio de vida, pronto para receber as primaveras e os invernos da alma.

O importante é que você estará tranquilo, sustentado pela força de um intenso amor, que viaja dentro de nós e que não pode ser tocado, não pode ser visto, mas pode ser sentido pelos canais da intuição.

Tenha certeza de que você tem uma força muito grande, que habita dentro do seu ser; você carrega em si mesmo parte do Todo que está em tudo.

As pessoas bloqueiam o canal de percepção das ondas de amor com suas emoções mal resolvidas dessa ou de outras vidas, muitas vezes bloqueadas por orgulhos, outras vezes por medos ou coração triste...

É paradoxal: coração com medo e, ao mesmo tempo, com tanto amor dentro...

É preciso retirar essa camada que impede o nosso coração de se expressar. Explore esse vasto poder divino que todos nós temos e, com isso, deixe o seu coração respirar, trocar, amar e, assim, fazer o brilho acontecer.

Tenha certeza de que, se você acreditar e buscar, as alegrias estarão presentes.

E mesmo nos momentos não tão felizes, você saberá agir com muita altivez, purificando suas energias pelo poder divino que está radiante dentro de você.

Muitas vezes, permitindo-nos abortar a própria felicidade, os próprios desejos, os próprios sentimentos mais sublimes e verdadeiros, aqueles que vêm do Todo e que nos contemplam, fazendo morada em nossos corações.

Não permita que o seu ego, travesso e arrogante, insista neste ato de podar tão bela flor, plantada por Deus, "O Jardineiro do Amor Universal".

Lembre-se sempre: "O amor prevalece, fortalece, enriquece e permanece. Sempre!"

O Amor é Tudo! O Amor é Cura!


Texto de Vitor Hugo França

04 abril, 2012

Autoconfiança e Confiança

Encontre tempo para tentar entender os sentimentos de cada um.
Quando o coração está aberto torna-se fácil compartilhar os sentimentos.
A face perde sua tristeza.
Porém a base para um coração aberto é a confiança.
E o primeiro passo nesta direção é a autoconfiança.
Você não será capaz de confiar em si mesmo se estiver distante da sua verdade interior.
Sentimentos verdadeiros criam um coração limpo.
Quando o coração está limpo é natural sentir o que há no coração dos outros.

(Dadi Janki)