07 março, 2013

Que energia estamos doando?

A boa prática mediúnica depende de vários fatores, como a vontade do médium em ser útil, sua ética, disciplina e compromisso, estudo e busca por conhecimento técnico e religioso, frequentes descarregos e limpeza do corpo energético, equilíbrio mental e emocional, boa saúde, mente silenciosa. A lista pode continuar, mas um fator precisa ser destacado: a qualidade e a quantidade de energia, ou do fluído vital do médium. Como doar o que não se tem? Ou como ajudar com um péssimo padrão energético?

Com termos e conceitos trazidos do espiritismo, compreendemos também na Umbanda que tudo no universo é formado pelo chamado fluído universal. A condensação desse fluído numa forma mais densa permite que o perispírito, ou corpo espiritual, seja plasmado num nível individual. Para os encarnados, existe ainda um outro tipo de fluído ou energia, o chamado plasma, que envolve o corpo físico, dando a ele força e vitalidade.

É o fluído universal do perispírito atuando na matéria densa. Durante o trabalho mediúnico, utilizamos muito dessa força. Por exemplo, nossos Guias ou Orixás utilizam o nosso plasma para sustentar a ligação energética durante a incorporação. É o contato com nosso campo e a absorção do nosso plasma que permite a cura do corpo espiritual de espíritos sofredores ou machucados. Alguns trabalhos ou magias mais densas são mais facilmente anuladas por nossos Guias com o uso desse fluído denso, a matéria energética do campo de um ser encarnado.

Após um trabalho mediúnico, muitos se sentem "esgotados energeticamente". Isso ocorre justamente pela doação de nosso plasma durante a incorporação ou passe. Em algumas técnicas de cura energética, como o Reiki, frisa-se muito que o praticante não deve doar o seu próprio plasma, mas apenas ser um canal para a transmissão do fluído universal. São práticas diferentes, com propósitos diferentes. Mas a boa notícia é que o plasma não acaba se doado pelo médium. Após o trabalho, uma boa refeição, leve e saudável, e uma noite de sono adequada são suficientes para reequilibrá-lo. O plasma só diminui com o avançar da idade, ou com o aparecimento de doenças que degenerem o corpo físico; e só acaba com o desencarne. Em várias literaturas psicografadas vemos que, após o desligamento do cordão energético que liga o perispírito ao corpo físico, ainda ficam na matéria resquícios dessa energia, que logo são esgotados.

Na cultura indiana, o plasma pode ser comparado a ojas, considerado a seiva da vida. Ojas existe numa forma sutil, permeando todo o universo, ou numa forma mais densa, trazendo vitalidade e força para todas as formas de vida na Terra. Ojas no corpo é como o combustível de uma lamparina, é a substância mais abundante nos líquidos que correm por nossos órgãos e células, que dá brilho à pele, cabelos e olhos e é o principal responsável pelo equilíbrio de nosso sistema imunológico. Quando nos alimentamos de forma inadequada, ou vibramos sentimentos negativos, nosso ojas perde qualidade e traz desequilíbrio ao corpo (ex.: colesterol, diabetes, baixa imunidade, etc).

Quando nos desgastamos, ficamos estressados, abusamos da sexualidade, ou passamos por um forte desequilíbrio emocional, a quantidade de ojas cai e pode provocar o surgimento de diversas doenças.

Além dele, uma outra essência ainda deve ser considerada neste tema: Prana, ou energia vital. Diferente de ojas ou plasma, prana é a força do ar, é energia sutil e luminosa. Prana não é fluído, nem tem forma. A inteligência natural do corpo é manifestada espontaneamente através dessa energia, que governa as funções da mente, memória, pensamentos e emoções.

Prana é a energia sustentadora da vida, ligada à respiração e oxigenação. Se ojas e plasma estão relacionados ao corpo espiritual, prana está vinculado ao espírito. Nossos sentimentos, pensamentos, emoções e atitudes negativos ou desequilibrados afetam primeiramente nosso prana. E sentimos aquela sensação de fraqueza, de noite mal dormida, de cansaço, de exaustão energética. Contato com a natureza, com a energia vital em sua forma mais pura, é a melhor maneira de reequilibrarmos prana.

Exercícios respiratórios, principalmente os profundos, lentos e abdominais, também nos ajudam a captar prana e nutrir nosso organismo. Mas se na cultura indiana existe um estudo sobre os efeitos da queda da qualidade ou da qualidade de nosso fluído e energia vital, ainda não temos um estudo semelhante sobre o plasma. Entretanto sabemos, por observação, que pessoas que cultivam padrões energéticos negativos, ou que não têm uma rotina de vida equilibrada, vivem doentes e sem energia. Médiuns que vibram raiva, egoísmo, orgulho, irritação, medo, ansiedade, ou com desequilíbrios em qualquer nível, têm muito menos energia para doar e ficam cansados mais rapidamente que aqueles que cuidam do seu corpo, mente, espírito e emoções.

A mediunidade é uma faculdade linda e sagrada, e sua prática, fundamentada no bem e na caridade, nos torna sempre seres melhores. Se doamos um pouco do que temos, recebemos sempre multiplicado. Mas que possamos doar somente boas energias, palavras de fé, consolo e esperança e sentimentos de amor e compaixão, para assim aumentarmos nossa luz e de nosso próximo.


Texto de Marina B. Nagel

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