22 março, 2013

Para Umbandistas: Chás

Salve turminha das ervas e do amor à mãe Natureza. Mesmo não sendo o objetivo dessa coluna, vamos atender a alguns pedidos de leitores e falar um pouquinho sobre os chás.

É praticamente impossível não falarmos algo sobre o preparo das ervas na medicina popular. Mesmo porque esse poder de cura milenar é também revestido de muitos mitos e dogmas, na maioria das vezes populares ou mesmo familiares. Vemos muitos questionamentos serem feitos sobre o que pode e o que não pode sobre o seu preparo e uso. Muitos desses questionamentos se devem ao fato de os escritos sobre ervas derivarem sempre das mesmas fontes, consagrados pesquisadores do passado, que em suas intrigantes formas de encontrar respostas, conceituaram muito dos preparos ao seu universo presente, ou seja, se o especialista da época usava um cadinho de porcelana para fazer um amassado de ervas, com certeza dirá que o adequado para o preparo de um amassado de ervas é apenas o cadinho de porcelana.

Conceitualmente, o chá é um remédio natural. O uso das propriedades curativas e preventivas da erva está no consciente coletivo como  uma poderosa ferramenta.

Os chás devem ser preparados com extrema higiene, seguindo algumas regras básicas do bom procedimento, e seguindo também algumas formas consagradas de preparo como descreveremos a seguir:

a) Usar preferencialmente para o preparo do chá, uma panela de vidro ou inox. No entanto, se você não tiver um desses apetrechos, pode sim fazer seu preparo na sua leiteira, chaleira, panela de alumínio ou afim. Eles não devem ficar no alumínio e principalmente no plástico. Não é meia dúzia de preparos numa panela de alumínio que vão fazer mal a alguém. Se lembrarmos, nós que moramos nas cidades, inalamos substâncias muito mais perigosas no ar poluído.

b) Os chás devem ser administrados na hora que são preparados. A maioria dos preparos fermentam depois de algum tempo. O ideal é não deixar o preparo ultrapassar seis horas.

c) Podemos guardar o preparo na geladeira sim. Seguindo o mesmo critério das seis horas de preparo.

Os métodos para o preparo dos chás variam pelo tipo de erva a ser usada. Fresca, seca, parte dura como casca, semente ou parte mais mole como folha, caule, requerem tipos diferentes de preparo. Vamos citar os tipos mais comuns, lembrando que essas informações sobre os chás são bastante comuns.

Para preparar o chá, há várias maneiras. As principais são:

a) Infusão: Derramar água fervendo sobre as ervas numa vasilha e deixar tampado por pelo menos 10 minutos, ou até esfriar. Esse preparo é adequado para as partes moles da erva. Folhas, caule e flores são indicados para esse método. Raízes, cascas ou sementes para serem usadas assim devem estar bem picadas ou trituradas.

b) Decocção: Coloca-se as ervas num panela ou bule e completa-se com água. Deixa ferver por uma média de 15 minutos. Esse preparo é indicado para partes duras da erva, como raízes, casca e sementes.

c) Tisana: Quando a água da panela estiver fervendo, coloca-se as ervas e deixa ferver por mais uns 2 minutos. Tire do fogo e deixe repousar por alguns minutos ou até esfriar. Esse método pode ser usado para qualquer preparo de chás.

d) Maceração: Colocar as ervas de molho em água fria, durante umas 6 horas pelo menos. Esse método é bastante usado para ervas frescas.

Depois de preparado, o chá pode ser adoçado com mel, açúcar comum ou mascavo de preferência. Para os diabéticos pode ser usado Stévia (Stévia rebaudiana), um adoçante natural, junto ao chá. Ou mesmo o adoçante de sua preferência.

Resta lembrar que a água usada nos chás deve ser potável. E as ervas devem ser de muito boa procedência, devendo ser evitadas as que ficam expostas em barracas sob a ação da poeira e poluição.

Não vamos aqui dar receitinhas consagradas na farmacopeia popular, por entender que há muitas publicações formatadas por especialista no assunto.

Então, para não perder o costume, uma ficha de erva ritualística.

Alfazema (Lavanda) - Lavandula officinalis Chaix

Cultivada como ornamental, as alfazemas ou lavandas como são comumente chamadas, tem origem européia e apenas algumas espécies desenvolvem-se bem no Brasil. É um subarbusto de folhas verdes acinzentadas e cujas flores e sementes são extremamente cheirosas. Uma variedade que pega muito bem em nosso clima é a Lavandula dentata var candicans.

Há de se prestar bastante atenção na identificação desta erva, pois além de receber vários nomes populares que a remetem à família dos alecrins e hissopos, seu aroma característico cria muita confusão.

Usada como um poderoso equilibrador, na forma tradicional de essência ou perfume (seiva de alfazema) durante os rituais religiosos.

Seu uso não se limita a banhos e defumações, sendo largamente usada fresca ou seca, em óleos e azeites consagrados, amacis e ornamentos.

Energia vibratória tranquilizadora, não chega a ser um calmante espiritual, mas traz a paz de espírito necessária à resolução dos problemas cotidianos e no específico à aceitação e compreensão de perdas. Uma erva "maternal" com característica harmonizadora. Por essas qualidades é associada também ao desenvolvimento e preparação dos médiuns.

Sinônimos botânicos: Lavandula augustifolia Mill.; Lavandula spica L.

Sinônimos populares: Lavanda; Lavanda Inglesa; Lavandula.

Indicações ritualísticas: Acalmadora do espírito, tranquiliza as situações difíceis. Harmonia.

Ação (verbos): Harmonizar, tranquilizar.

Cor energética: Cristalino Azulado, Azul Claro.

Orixás principais: Iemanjá, Oxalá e Oxum.


Texto retirado da Newsletter nro. 144 - Espaço do Erveiro (Adriano Camargo)

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