11 outubro, 2011

Orayêyê Mamãe!!!

Esse mês a maioria dos terreiros de Umbanda fazem seus festejos a Oxum, Orixá das Águas Doces, das cachoeiras, do Ouro, do Amor Divino e da purificação. Pois bem, cada vez mais se faz necessário agir com lógica e responsabilidade nessa comemoração.

Falo isso pois é comum os terreiros e médiuns umbandistas irem às cachoeiras festejar a Orixá levando uma imensa quantidade de elementos para oferenda como parte integrante do culto, do amor e da devoção ao Orixá, mas deixam o local todo sujo, cheirando mal e impróprio a qualquer outra pessoa, inclusive densificando a energia do ambiente e dificultando qualquer ação espiritual, vibracional e energética propiciatória.

Fico imaginando o que é para uma pessoa que não conhece os fundamentos da Umbanda ver um monte de garrafas, comidas, velas, entre outras coisas, próximo das cachoeiras. Fico imaginando o que é fazer uma oração próximo à cachoeira depois que um grupo, um terreiro ou um médium fez sua "super" oferenda.

Claro que para isso não é necessário muita imaginação. Quem já não ouviu frases do tipo "vamos cedo à cachoeira para não encontrá-la suja e sobrecarregada"? Quem já não se sentiu mal, pesado ou irritado durante e depois de sua prece junto a um monte de sujeira que está envolvendo toda a cachoeira? Quem já não teve vontade de voltar para casa, ou de fato voltou sem ao menos conseguir ajoelhar ao lado da queda d'água devido a tanto entulho e ao mal cheiro? Quem já não se machucou, cortou ou furou os pés ao pisar em restos de oferendas arriadas em volta da cachoeira ou jogadas dentro das águas?

É triste, mas parece que faz parte da cultura religiosa da Umbanda grandes oferendas, descarregos nas cachoeiras, sujeira, exageros. Nossa, que grande engano! A Umbanda é simplicidade, é pureza, é amor e não destruição.

Oxum então... é beleza e doçura, é vaidosa e cheirosa. Nada comparado com o que habitualmente encontramos nas cachoeiras depois da passagem daquele "super" médium e de sua "super" oferenda. É impressionante!

Acredito que está faltando lógica, sensatez, conhecimento, amor e o mínimo de bom senso e de preocupação com o Além e com o próximo. Chego à conclusão de que o que mais falta nas pessoas é o "olhar em volta", "olhar para trás" e o "olhar para frente".

É estranho, mas as pessoas só olham para o agora, para sua realidade, para seus desejos e seus umbigos e se esquecem da origem, do reflexo, da Lei da Ação e Reação. As pessoas esquecem que são reflexo do passado e que o futuro depende do presente e não do futuro.

É só OLHAR... Afinal se olharmos à nossa volta perceberemos que existem mais coisas, pessoas, energias, espíritos dependendo e agindo em nós. Se olharmos para trás perceberemos o quanto de sujeira, dor e egoísmo já proporcionamos e ainda estamos proporcionando a tudo e todos em nosso entorno. Se olharmos para frente perceberemos o quanto um ato pode influenciar na vida das pessoas, em tudo que está próximo e na humanidade.

Curioso, se assim pode-se dizer, é saber que uma das ferramentas, instrumentos e formas de agir de Oxum é através do espelho, o abebê usado no candomblé, ferramenta que é caracterizada por uma espécie de leque e que traz um espelho no centro. Oxum dança usando o abebê para que através do espelho seja refletido o interno de cada um, assim como, pede para que cada um olhe com mais atenção para seus próprios atos.

Sei da importância dos elementos nas oferendas, da energia de frutas, flores e ervas e o quanto elas fortalecem Guias e Orixás no Astral! Mas pensem que essa energia já é própria da natureza, o que ativa, aumenta e leva essa energia ao Astral é o nosso pensamento.

Vamos refletir, olhar em volta, nos preocupar com o próximo, com a energia e com o "Além".

Sujeira nas cachoeiras é falta de vergonha! É falta de humanidade! É falta de amor! É falta de religiosidade, espiritualidade e conduta umbandista!

Vamos ficar de olhos abertos e vamos fazer diferente e a diferença.

Se você vir alguém sujando as cachoeiras, oriente! Talvez essa pessoa ainda não saiba o que é um Orixá, o que é a Umbanda e a importância da Natureza na vida de todos.

E fica minha sugestão: como oferenda a Oxum leve seu amor, seus joelhos predispostos a ajoelharem na terra úmida, suas lágrimas predispostas a escorrerem sobre a face até alcançarem o colo amoroso de Oxum, suas preces em forma de canto encantados e sua luta para preservar a beleza e a pureza das cachoeiras, santuário Sagrado de Nossa Querida Mãe Oxum, berço da vida, da união e da felicidade.

Orayêyê Mamãe Oxum!!!

(Texto de Mãe Mônica Caraccio)

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