15 outubro, 2011

A Escola...

Uma caridade existe, mais extensa e menos visível, mais corajosa e menos exercida, que nos pede concurso decisivo para a melhoria substancial da paisagem humana. É a caridade daquele que ensina.

A Terra de todos os séculos sofre a flagelação de dois grandes males. Um deles é a miséria. O outro, e o maior, é a ignorância.

É a ignorância a magia negra de todos os infortúnios. Ao seu grosso tição de trevas, o rico esconde o ouro destinado à prosperidade, e o pobre se envenena com o desespero, eliminando as possibilidades resultantes do trabalho.

Pela ignorância, os homens se julgam senhores absolutos do latifúndio terrestre, que lhes não pertence, arruinando-se em guerras de extermínio; o bom se faz ameaçado pela crueldade esmagadora, o mau se torna pior; a evolução de alguns estaciona com o manifesto atraso de muitos, e a vida, que é sempre magnífico patrimônio de recursos para a sublimação, se vê assediada pela discórdia e pela ira, pela ociosidade e pela indigência.

Na rede da ignorância, o homem complica todos os problemas do seu destino, por ela contribui para as aflições alheias e com ela se arroja aos abismos da dor e se entrega às surpresas do tempo.

Por este motivo, se o orfanato ou o asilo são casas abençoadas do agasalho e do pão, a escola será, em todos os seus graus, um templo da luz divina.

O pão mantém a carne perecedoura.
A luz santifica o espírito eterno.

Depois da morte, reconhecemos que todas as atividades do homem, por mais nobres, terão sido em vão, ou, mesma cinza niveladora se o objetivo de aperfeiçoamento espiritual não foi procurado. Pela conquista do ouro, quase sempre acordamos velhos monstros do egoísmo que jazem adormecidos dentro da alma.

Pela ascensão ao poder político, não raro, a massa enlouquece no delírio da vaidade.

Pelo abuso nos prazeres físicos, frequentemente o homem se equipara ao bruto.

Sem a escola, somente liberamos os instintos inferiores da personalidade ou da multidão, quando pretendemos libertar-lhes a consciência.

Educando e educando-se, o espírito penetra a essência da vida, compreende a lei do uso e elege o equilíbrio por norma de suas menores manifestações.

Grande é a tarefa do pão, que gera o reconhecimento e a simpatia; entretanto, muito maior é o ministério do abecedário, que opera o divino milagre da luz, estabelecendo a comunhão magnética entre a inteligência do aprendiz de hoje e a mente do instrutor que viveu há milênios.

Cultura e, sobretudo, esclarecimento, são armas pacíficas contra a discórdia.

Abramos escolas e o canhão se recolherá ao museu.

Se cada criatura que sabe ler alfabetizasse uma só das outras que desconhecem a sublime função do livro, a regeneração do mundo concretizar-se-ia em breve tempo.

Jesus desempenhou o mais alto apostolado da Terra sem uma cátedra de academia, mas não se projetou nos séculos sem as letras sagradas do Evangelho.

É preciso ler para saber pensar e compreender.

Por esta razão expressiva, o Cristo, que consolou almas aflitas e curou corpos doentes, que patrocinou a causa dos sofredores e construiu caminhos para a salvação das almas nos continentes infinitos da vida, não se afirmou como sendo restaurador ou médico, advogado ou engenheiro, mas aceitou o título de Mestre e nele se firmou, por universal consagração.

Fortaleçamos a escola, pois.

(Do livro "Falando à Terra", pelo Espírito Demétrio Nunes Ribeiro, psicografado por Francisco Cândido Xavier)

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