13 novembro, 2012

Desenvolvimento, seja individual, ou coletivo

Já sabemos que a mediunidade na verdade é um instrumento de evolução na vida de qualquer pessoa, por isso não se resumiria a uma ou outra maneira de ser desenvolvida.

Mas a temática, tendo sido amplamente abordada por Allan Kardec, na codificação do espiritismo, acabou sendo correlacionada ao estudo espírita, como se fosse uma terminologia própria da linha de estudo. Não é à toa, pois, pelo menos aqui no ocidente, ninguém teve a coragem que ele teve de abordar um assunto tão polêmico até pouco tempo atrás (polêmica que perdura até os dias de hoje), com tanta seriedade e aprofundamento. Foi um movimento muito importante e construtivo para a humanidade, já que abriu novos horizontes e batizou inúmeras linhas de estudo e aprendizado.

Assim sendo, é uma consequência natural falar de mediunidade vinculando o termo às práticas espíritas, como consequência da herança e do pioneirismo Kardecista; o que provocou uma crença coletiva, que a mediunidade somente poderá ser desenvolvida em casas espíritas. A reencarnação, por exemplo, foi exposta amplamente no Brasil, através dos ensinamentos do grande mestre. Pela influência de preciosa literatura kardecista, surgiram muitas obras importantes, que contribuíram em muito para o crescimento espiritual de tantos. Com seus livros e ensinamentos, o ilustre mestre alertou, orientou e alinhou os estudos, em sua maioria, na direção do plano espiritual. Com intenso foco orientado para o socorro aos espíritos sofredores que, atrasados em sua evolução e ligados ao mundo da matéria, necessitam de amparo para aprender e se libertar, Allan Kardec impregnou na comunidade ocidental uma nova forma de pensar a espiritualidade.

Seus ensinamentos desde então, são passados adiante pelos trabalhadores da doutrina, que se utilizam de determinadas faculdades mediúnicas para servir de intermediários na comunicação com os espíritos. Sempre com o objetivo de contribuir na senda da educação espiritual, de tão falada "doutrinação" entre outras atividades corriqueiras nas casas de espiritismo. Isso quer dizer, que da forma com que os trabalhos nas casas espíritas estão orientados, sempre haverá um maior estímulo no sentido de desenvolver a mediunidade voltada para a interação com os espíritos. Normalmente se utilizando das mensagens transmitidas pelo plano espiritual, que podem ser escritas ou verbalizadas.

Há também a técnica de imagens transmitidas na tela mental do médium, que relata suas visões. Uma outra maneira corriqueira, e para muitos, polêmica, é a incorporação. Prática na qual o espírito desencarnado acopla seu corpo espiritual ao corpo espiritual do médium e se utiliza do seu corpo físico e seus sentidos, para transmitir suas mensagens. Também não podemos deixar de falar do tão útil passe magnético, das vibrações de energias e de outras formas de aplicar a mediunidade, largamente utilizada nos centros. Como algumas dessas práticas citadas acima, requerem conhecimento de causa, sabedoria, maturidade e intenso preparo, não são recomendadas para o desenvolvimento individual, ou seja, sem a colaboração de um grupo preparado, como, por exemplo, as casas espíritas.

E é aí que começa uma grande confusão. É que a mediunidade pode se manifestar de muitas formas. Através da oração, da telepatia, da cura pelas mãos, da premonição, e até mesmo pela comunicação com espíritos, seja pela escrita, clarividência, vidência ou clariaudiência. São inúmeras as formas. Ocorre que, mesmo com a doutrina espírita sendo fundamentada nos ensinamentos do evangelho, produzindo uma base idônea, séria e de moral elevada, mesmo assim não agrada a todos. Simplesmente por questão de afinidade; algo normal, natural, afinal "nem Jesus agradou a todos". Portanto, muitas pessoas até aceitam a mediunidade, mas não se interessam nesse formato de estudo e desenvolvimento, por falta de sintonia, algo que deve ser respeitado.

Pois, então, como fica? A pessoa é obrigada a transitar por uma via única? Não há forma de desenvolver essa mediunidade senão pelo exercício dentro da casa espírita? Claro que não! Ainda mais no século XXI, característico pela liberdade de expressão e de religião, evidenciando a era do universalismo, da união do ocidente com o oriente, da ciência e espiritualidade. Observe que nunca, em toda a história da humanidade, tivemos tantas oportunidades de crescimento espiritual e tantas possibilidades para o desenvolvimento de uma consciência mais expandida. É exemplar o trabalho sério e idôneo de tantas casas espíritas, no entanto, não é só através delas que a mediunidade pode ser desenvolvida.

Se você quiser seguir por outra via esse caminho, tudo bem. Leve consigo discernimento, leveza e amorosidade e vá em frente! Sempre que possível, é recomendável participar de grupos, porque facilitam o aprendizado, dão suporte e tornam a prática muito agradável. Mas lembre-se, o principal é entender que a mediunidade se manifesta com o objetivo de ajudar as pessoas e o universo a evoluírem, inegavelmente! Por isso, todas as vezes que uma pessoa estiver aprofundando o estudo e a prática da mediunidade e, no entanto, não estiver se transformando em uma pessoa melhor e, por consequência, sem melhorar a humanidade como um todo, fique alerta, pois algo estará em desequilíbrio! Use isso como um bússola interna, porque funciona bem...

Você pode apostar. Não lhe parece sensato? Medite sobre isso.


Texto de Bruno J. Gimenes
Professor e palestrante, ministra cursos e palestras pelo Brasil. Sua especialidade é o desenvolvimento da consciência com bases na espiritualidade e na missão de cada um. Autor de 7 livros. Criador da Fitoenergética e co-fundador do Luz da Serra (www.luzdaserra.com.br)

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