03 maio, 2012

Vibração de Ogum

Grande movimentação se forma na porta do terreiro, pessoas de várias localidades e ansiosas para a abertura da porta a fim de adentrar ao terreiro. Dentro do terreiro, no plano físico, o sacerdote corre com as firmezas, ativações magísticas e evocações vibratórias e espirituais antes de autorizar a abertura da porta.

No lado espiritual, a movimentação é ainda mais intensa. Muitos elementais transitam pelo terreiro, preparando o solo e o ambiente, pois tudo o que é planta, flor, água e natural torna-se portal de trânsito destes seres luminosos e pequeninos. O chão já imantado pelo fluído de ervas emite uma coloração esverdeada e parece movimentar numa espécie de pulsação, tudo está vivo, vibrante e irradiante.

Os guardiões do templo aproximam-se de cada pessoa que está do lado de fora e já vai rastreando os motivos e situação espiritual, emocional e material de cada um. Na assistência, três pombagiras preparam o ambiente e se posicionam de maneira a receber as pessoas.

Na tronqueira o sacerdote ativa o portal de sustentação do templo e de Exu. Do assentamento principal uma luz avermelhada toma conta do ambiente, e do seu núcleo irradia uma intensa energia prateada que ultrapassa os limites do ambiente e se multiplica em vários "tentáculos" ligando-se a cada consulente presente.

A porta se abre, os médiuns recepcionistas alegres e simpáticos orientam e acolhem a todos. Não fazem idéia da importância de sua atuação, eles são os primeiros filhos do terreiro, com eles já são descarregadas vibrações mentais nocivas que a maioria traz consigo e, pela disposição que manifestam, irradiam do chakra cardíaco um magnetismo que é absorvido por todos que entram e, imediatamente, sentem-se aconchegados e num ambiente amigável.

O terreiro está agitado, é o retorno do recesso entre o fim e início de ano. No entanto, isso não impede que muito trabalho intenso ocorra nesta noite.

Toca a sineta, um portal esférico se forma em cima do triângulo de velas na mesa do Congá e, conforme a curimba entoa os toques de defumação, faíscas luminosas saem desta esfera e envolvem os chakras dos trabalhadores da casa, que no passo seguinte são descarregados e imantados pela energia vegetal. Hoje está presente no terreiro um mensageiro de Ogum, é ele, para surpresa dos filhos espirituais, quem irá conduzir a Gira.

O sacerdote ministra a palestra de praxe, reza, abre a gira.

Chama Ogum. O toque entoa e, no meio do círculo formado pelos médiuns, um clarão se faz e dele saem os intermediários do Divino Orixá Ogum, o de amparo do sacerdote o magnetiza e emite luz por todo o ambiente, sua vibração altera as energias do local e das pessoas, dança, brada e retira-se.

Toca-se para o Ogum de Trabalho: "Ogum partiu pra guerra... Ogum tocou clarim..."

Ogum Sete Ondas incorpora em seu médium, de suas mãos farpas luminosas são lançadas em direção ao Congá, saúda o altar, saúda as pessoas, chama a falange de Ogum e Caboclos.

Com os trabalhos iniciados, vou me ater a um fato específico, um atendimento em particular. Sr. Ogum Sete Ondas risca um ponto mágico no chão e após acender as velas posiciona outros dois médiuns mediunizados e outro não nas pontas da mandala. Ela tinha uma forma que apresentava quatro pontas, e cada indivíduo, incluindo ele, ali se posicionou. Sr. Ogum Sete Ondas solicita que uma consulente entre.

Ao pisar no solo sagrado, a energia do ponto riscado se altera e, de intensa luminosidade, varia para cor prateada opaca.

Ela entra no ponto e então, em cada extremidade sua, um portal se abre. Do lado esquerdo, um vazio escuro por onde Sr. Ogum literalmente traz o obssessor de companhia da consulente e o "joga" no médium ali em pé. Na extremidade à sua frente um portal esverdeado começa  a dragar os cascões e miasmas energéticos que estavam encobrindo o perispírito da incauta e do lado direito um portal violeta emite luz em todo o seu corpo, um emissário de Obaluaê abraça a consulente e desliga dela um forte cordão magnético ligado ao espírito do seu falecido pai. Ela está a cinco meses de luto diário pela morte do pai, desta forma quase indo a óbito!

Do lado material nada de extraordinário acontecia. Os médiuns que dão suporte ao Sr. Ogum sentem tudo isso acontecer, mas não têm clareza do que é de fato. Ele conversa algumas coisas com a consulente que, já mais tranquilizada, vai embora sem ter a menor consciência do que aconteceu ali, apenas sentiu um alívio no peito e  brotava nela uma esperança de dias melhores.

Saravá Pai Ogum, Salve Sr. Ogum Sete Ondas!



Texto de Rodrigo Queiroz

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